domingo, 20 de fevereiro de 2011

Monólogos * Esconde-Esconde

_ Sem dúvida, há um enorme obstáculo a todos os tipos de segredos, que é o seguinte: É que a habilidade de esconder, por mais refinada que pareça, está limitada pela necessidade e pela ansiedade de "fazer desaparecer", ambas fontes de energia esgotáveis e passageiras. Já a condição de quem procura é insistentemente incentivada por uma fome insaciável de "trazer à vista", e quanto mais criativo for quem procura, tanto mais estará inclinado a satisfazer essa curiosidade voraz, percrutando debaixo de cada rocha, insone enquanto não sacia a fome da sua necessidade de saber o que precisa saber. Quem esconde logo se sacia. Mas quem procura encontrar, este é um náufrago, um sobrevivente de calamidade. E nada nem ninguém pode se opor a seu desejo de viver.

Bala na Agulha * De um Machismo Ultra-Radical

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Chorar é
Mijar
pelos Olhos.
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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Bala na Agulha * Amanhã

Será sempre tarde demais para o "eu te amo" de hoje.

Furo * Morte e Vida

"Foi-me dito que eu poderia viver mil vidas. Optei por uma só, uma idéia que me parece mais comedida, existir com data de validade certa. E depois que vencer esta coisa absolutamente incomoda, aflitiva e inevitável (como um tumor na cabeça) que é a crítica, então repousar. Aí sim, que seja mil vezes numa eternidade esplêndida. Repousar da dúvida, repousar da falta, repousar da queda, simplesmente ceder os pontos e sentar no chão da criação, exausto, indisposto para mais aventuras. Quando eu morrer quero voltar a ser criança. Acordar tarde, dormir cedo e temer pouco ou quase nada. Só sonhar".

Punhalada

Eu te amo hoje mais profundamente,
até onde a dor penetrou na alma.
*homenagem a uma dor antiga